A Verdadeira Israel de Deus é a Igreja (PARTE VI)
A VERDADEIRA ISRAEL É A IGREJA Parte VI O desenvolvimento da tradição e o distanciamento do pensamento judaico
Da mesma maneira, o curso seguido pelo desenvolvimento da tradição agostiniana foi afetado pela perda de contato com o pensamento judaico, cuja recusa em polarizar a livre soberania de Deus e o livre arbítrio do homem é frequentemente rotulado de pelagianismo. Mas o rótulo não é apropriado, pois o Judaísmo tem uma doutrina pelagiana da natureza, mas uma doutrina Agostiniana da graça. Agostinho acusou os pelagianos de “por o novo testamento no mesmo patamar do antigo testamento” (Ag. Fest. Pelg. 5. 15) por intermédio de sua percepção de que é possível que o homem obedeça à lei de Deus, Jerônimo via o Farisaísmo na noção Pelagiana de que a justiça perfeita era atingível na vida do homem aqui na terra (Hier. Pelag. 3.14;16). O desenvolvimento da teologia cristã no oriente, em especial na escola de Antioquia, manifestou outras formas de transceder a antítese dominante no Ocidente e de estabelecer “uma doutrina que não pode ser adequadamente chamada de Agostiniana nem de Pelagiana”. Mas também formulou a questão de uma maneira estranha à tradição judaica, como se tentasse encontrar a resposta para a questão na Bíblia judaica.
Porque a vitória da teologia cristã sobre o pensamento Judaico aconteceu mais por um curso predefinido de ação que por conquista, a questão da relação entre as duas alianças vive voltando a chamar a atenção dos cristãos. A importância dos pensadores judeus para os teólogos cristãos > por exemplo de Moisés Maimôdenes para Tomás de Aquino, de Espinoza para Friedrich Scheiermacher ou Martin Buber tanto para a teologia protestante quanto para a católica-romana no século XX > não é apenas parte da continuação da interação entre o pensamento teológico e o secular. Os teólogos cristãos da da tendência filosófica desses pensadores judeus, os ouvem mais como parentes que como estranhos. Ao mesmo tempo, os elementos menos filosóficos e mais bíblicos da tradição judaica teológica não desempenham um papel semelhante na história cristã. Mas sempre que os teólogos individuais parecem estar indo longe demais em sua aviltação do antigo testamento, como fez Marcião no século II e a critica bíblica no século XIX, eles foram denunciados por relegar grande parte da Bíblia cristã a uma condição subcristã. Um dos indicadores mais confiáveis da interpretação do Judaísmo no pensamento cristão é a exegese de Romanos 9-11. A história dessa exegese é o registro da luta da igreja para dar uma estrutura teológica a suas instruções concernente à relação entre as alianças ou para restabelecer o sentido de continuidade-com-descontinuidade evidente na linguagem do novo testamento sobre ISRAEL como o povo escolhido. Por conseguinte, voltamos reiteradamente a exegese, bem como às implicações doutrinais das litanias e das pequenas orações da igreja que, às vezes, preservam esse sentido com fidelidade.
Aparentemente, foaram do sectarismo judaico que vieram que vieram algumas das primeiras formas de heresias cristãs. De acordo com Ireneu, “todas são derivadas de Simão da Samaria” (Iren. 1.23.2), e um dos catálogos mais antigos dos hereges cristãos, o de hegésipo conforme preservado por Eusébio, traz Simão em primeiro lugar entre os que vieram de “sete seitas entre o povo [judeu]” para “corromper a [igreja] com ensinamentos vãos”(ap. Eus. H.e.4.22.5). O próprio Eusébio denominou Simão como o “principal autor de todo tipo de heresia” e o identificou com o Simão de atos 8. 9-25(Eus. H.e. 2.13.6). Cirilo de Jerusalém também o chamou de “inventor de todas as heresias” (Cir. H. Cateq. 6.14). Mas Justino Mártir, ele mesmo nativo da Samaria, é a principal fonte de informação sobre a heresia de Simão. De acordo com Justino, Simão era conhecido por sua adesão ao movimento”o primeiro Deus”, e eles diziam que uma determinada “Helena[…] Foi o primeiro pensamento que ele trouxe à existência” (Just. 1Apol. 26.3). O conceito do primeiro pensamento parece ser derivado, pelo menos em parte, das especulações Judaicas sobre a sabedoria pessoal de Deus. “A gnose simoniana surgiu do sectarismo Judaico-samaritano”( R. Grant 1959) e, por meio dela, contribui também para o início do gnosticismo Cristão. O Simonianismo, como outras formas de gnosticismo, era extremamente pessimista em sua percepção do mundo criado, levando aparentemente a implicação da doutrina dos dois espíritos dos pergaminhos do mar morto até o ponto do dualismo ontológico.
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