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OS CRISTÃOS SÃO SEMPRE TENTADOS A FAZER AS PAZES COM O MUNDO – Russell R. Reno

[Russell R. Reno, convertido do protestantismo ao catolicismo, é o atual editor da importante revista conservadora americana First Things, interreligiosa, aberta a ortodoxos, protestantes e judeus. A seguir, trechos de uma entrevista concedida recentemente na Espanha].

As democracias liberais enfrentam seu declínio. Nossas sociedades foram degradadas à medida que as sólidas afirmações da tradição — como Deus, nação ou justiça — foram substituídas por um esquadrão de “deuses fracos”.

Os deuses fracos ou brandos são o mercado, o individualismo… Eles representam a ideia de que podemos organizar nossa sociedade em torno de coisas pouco intensas, que não despertam paixões. Assim, pensam eles, seremos capazes de criar uma ordem social mais pacífica, com menos conflitos. Se não houver nada pelo qual valha a pena lutar, ninguém lutará. Se não houver nada pelo qual valha a pena morrer, ninguém morrerá…

O problema é que esses “deuses fracos” não nos oferecem âncoras para a vida. Eles não nos fornecem as grandes lealdades que galvanizam nossas vidas e lhes dão significado e propósito. O que vemos, no século 21, é que as pessoas estão procurando compromissos, procurando paixões às quais possam se entregar, e esses são os “deuses fortes”. É uma metáfora que uso para descrever os objetos do nosso amor.

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A ideia de ‘verdade’ é um deus forte, mas a noção de ‘sentido’ é fraca. Cada um tem seu próprio ‘sentido’, mas o conceito de ‘verdade’ é mais inflexível, mais nítido. Não é por acaso que hoje falamos muito de sentido e muito pouco de verdade.

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Um paradoxo do nosso tempo é que a promessa do pós-Segunda Guerra de uma sociedade aberta (que era, sobretudo, uma promessa de liberdade), resultou no que vivemos hoje: uma época em que as pessoas têm cada vez mais medo de falar, em público, sobre as coisas em que acreditam. Hoje, temos uma cultura da liberdade diminuída, embora ainda se repita aqui e ali aquela promessa de liberdade. É apenas mais um indicador de que o projeto democrático liberal, pós-Segunda Guerra Mundial, chegou a um impasse.

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A meu ver, há três áreas vitais onde as pessoas têm lealdades mais fortes: a família, a nação e a fé, a Igreja. Para que a nação não domine as lealdades entre as pessoas, é importante encorajar as três. O equilíbrio é facilmente alcançado ao entendermos que a política não é tudo: porque a família é importante, e vem em primeiro lugar, e porque há uma verdade transcendente que vai além da política. A família limita a política por baixo e a Igreja por cima, mas acho que todas as três lealdades são necessárias em nosso tempo.

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A teologia liberal é um tratado de paz entre os homens de fé e as atitudes dominantes do nosso tempo. É a busca de uma forma de minimizar essa tensão, e ela está sempre se espalhando entre os crentes, porque somos tentados a fazer as pazes com o mundo. (…) Em nosso tempo, está ficando cada vez mais claro que você está de um lado ou de outro, e essa polarização pode realmente ajudar a fortalecer nossa fé, em vez de enfraquecê-la.

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Sempre foi tarefa do jornalismo cristão encorajar os fiéis. Hoje, no entanto, é particularmente importante que o jornalismo cristão ofereça aos fiéis um retrato preciso e verdadeiro da realidade. Uma das grandes vítimas do politicamente correto é a verdade, mas nossa fé nos dá coragem para nos comprometermos e dizer a verdade.

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